Joyce é assaltada em Niterói e ainda sofre agressões por ser transexual
Joyce Silva chegava para trabalhar, às 20h, no Jardim São João, no Centro de Niterói, quando foi espancada durante um assalto, na sexta-feira. Qualquer pessoa pode ser assaltada, mas no caso dela a violência foi maior. Costuma ser assim quando pessoas LGBT são atacadas por qualquer razão.
“Segurei a bolsa e caí. Eram dois na moto, e um desceu para pegar a bolsa. Quando me viu, passou a falar que eu era bicha e me bateu muito na cabeça. Ainda disse que voltaria depois. É um livramento de Deus eu estar viva”, relatou Joyce, com nervosismo.
Ela avisou às companheiras pelo telefone de um amigo. O dela foi roubado, e os ladrões acessaram WhatsApp e Facebook para agredir com palavras outras pessoas. Depois do atendimento médico, Joyce não consegue mais sair de casa.
“Os ladrões debocharam da agressão usando o telefone dela. O ataque à Joyce foi cedo, mas tem meninas que ficam a madrugada lá”, preocupa-se Larissa Dieckmann, liderança entre as profissionais do sexo trans.
Casos de transfobia não são contabilizados
O caso, às vésperas do Dia do Orgulho LGBT (28 de junho), é só mais um. Há um mês, um homem transexual de 33 anos foi agredido na Ponta da Areia, onde mora com a companheira. Começou com ofensas verbais, enquanto ele estacionava. Depois partiu para um soco. O agressor disse que se ‘ela se veste como homem, deve apanhar como um’.
Apesar de frequentes, os casos não são contabilizados oficialmente como homofobia. Joyce ainda não saiu de casa para registrar o caso, mas quando o fizer, não gerará uma estatística sobre agressão a transexuais.
“Há poucos dias dois rapazes registraram que um motorista se negou a dar o troco da viagem dizendo que veado não ganha troco. Isso vira injúria, roubo, mas não homofobia. O sistema não permite. Mas por outro lado, temos estatísticas sobre roubo de bicicletas, porque o sistema tem essa categoria específica lá”, critica o policial que fez o atendimento, sem se identificar.
O Instituto de Segurança Pública, responsável pela produção dos dados, declarou que estuda uma forma de contabilizar os casos. Na mesma semana, duas travestis foram assaltadas no mesmo lugar que Joyce.
O Rio Sem Homofobia orienta que a vítima sempre faça constar no registro o motivo presumido do crime como LGBTfobia, para de alguma forma auxiliar na investigação.