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Forças Armadas dos EUA gasta mais com Viagra que com readequação de pessoas trans

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Forças Armadas dos EUA gasta mais com Viagra que com readequação de pessoas trans
Foto: France PresseO general Mark Milley, Chefes de Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA.

Em meio à polêmica proibição transfóbica do presidente Donald Trump à presença de travestis e transexuais nas Forças Armadas dos EUA, um número tem sido mencionado com frequência: os US$ 84 milhões (R$ 265 milhões) que o Pentágono gasta anualmente em medicamentos para disfunção erétil, segundo o periódico Military Times.

Para efeitos comparativos, o centro de estudos Rand Corporation estima em US$ 8,4 milhões o quanto as Forças Armadas gastariam por ano em despesas médicas relacionadas a readequação sexual de militares.

Mas por que o Departamento de Defesa dos EUA gasta tanto em Viagra, Cialis e similares?

Aposentados e combatentes

Em primeiro lugar, é preciso levar em conta que o levantamento do Military Times foi feito em 2015 com base em dados oficiais do ano anterior, quando foram gastos US$ 84,2 milhões em drogas para disfunção erétil. No total, o periódico estimou que haviam sido gastos US$ 294 milhões nesses medicamentos desde 2011.

Só em 2014, essas drogas – sobretudo Viagra – foram receitadas mais de 1,18 milhão de vezes dentro do sistema de saúde bancado pelo Pentágono.

Apenas 10% dessas receitas foram feitas para militares na ativa – a grande maioria foi para outros grupos, incluindo os milhões de oficiais na reserva e seus familiares.

Calcula-se que 10 milhões de pessoas sejam beneficiárias do sistema de saúde do Pentágono, que gerou gastos de US$ 52 bilhões em 2012.

Ainda que a disfunção erétil afete principalmente homens mais velhos, o problema tem crescido entre jovens militares americanos desde as guerras no Iraque e no Afeganistão.

Causas psicológicas

Também em 2014, um estudo do Serviço de Vigilância de Saúde das Forças Armadas (AFHSB, na sigla em inglês) descobriu que mais de 100 mil casos de disfunção erétil foram diagnosticados entre combatentes do Exército entre 2004 e 2013. As taxas anuais da doença mais do que dobraram nesse período.

Quase metade dos casos tinham origens psicológicas, segundo o levantamento.

Uma pesquisa publicada no Journal of Sexual Medicine em 2015 descobriu que veteranos homens com síndrome de estresse pós-traumático tinham “tendência significativamente maior do que seus pares civis de ter disfunção erétil ou outros problemas sexuais”.

Há levantamentos indicando que 85% dos combatentes veteranos com estresse pós-traumático tenham disfunção erétil – taxa quatro vezes maior do que a observada entre os militares que não apresentaram problemas mentais.

Em 2008, o Rand Corporation estimou que um a cada cinco veteranos das guerras do Iraque e do Afeganistão sofriam de estresse pós-traumático ou depressão profunda.

Problema comum

No entanto, uma estatística escondida no estudo da AFHSB sugere cautela no que diz respeito ao elo entre as guerras, a disfunção erétil e os enormes gastos militares com Viagra.

Oficiais que sequer haviam estado em combate tinham tendência maior de apresentar disfunção erétil, um mal que está relacionado a diversos outros problemas de saúde comuns, como doenças cardíacas, pressão alta e diabetes.

Uma estimativa de 2007 aponta que 18% dos homens americanos sofriam de disfunção erétil.

Em resumo, o problema é bastante comum no país. E, como as Forças Armadas pagam pelos custos de saúde de milhões de homens, acabam por consequência gastando muito dinheiro com Viagra e drogas parecidas.

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