A mulher da vereadora assassinada Marielle Franco, Monica Benício, e a irmã dela, Anielle Silva, participaram nesta quinta-feira (22) de uma sessão solene realizada no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.
A sessão foi convocada em homenagem ao Dia Internacional do Direito à Verdade sobre Graves Violações aos Direitos Humanos e da Dignidade das Vítimas, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que é celebrado no dia 24 de março.
Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes, foram mortos a tiros na noite de quarta-feira da semana passada no Rio de Janeiro. Os culpados ainda não foram identificados.
Primeira a discursar na tribuna, a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) destacou a importância da data para resgatar a verdade histórica sobre acontecimentos durante o regime militar no Brasil, por exemplo, e homenagear a memória das vítimas. “São 434 mil desaparecidos políticos”, disse Erundina.
Segundo a deputada, a comemoração da data se reveste de um significado maior em razão da atual conjuntura brasileira, marcada pela morte de Marielle.
O deputado Wadih Damous (PT-RJ), que presidiu a Comissão da Verdade do Rio, também cobrou esclarecimento sobre os desaparecidos políticos durante a ditadura.
“Enquanto não tivermos a resposta sobre o paradeiro dos nossos desaparecidos, não teremos uma democracia plena. (…) É uma espinha na garganta da democracia brasileira”, afirmou Damous.
Líder do PSOL na Câmara, o deputado Ivan Valente (SP) também pediu a elucidação das mortes políticas recentes, como a da Marielle. “Nós queremos saber a verdade”, disse.
Faixas foram estendidas no plenário. Uma delas questionava: “Quem matou Marielle e Anderson?”
Pouco antes do início da sessão, parlamentares do PT e do PCdoB colaram uma foto de Marielle em uma exposição da Câmara em homenagem às mulheres no mês de março.
Discursos da Monica
Em um discurso da tribuna da Câmara, a mulher de Marielle cobrou das autoridades brasileiras uma resposta sobre o o assassinato da vereadora.
“As autoridades brasileiras competentes não devem só a mim a satisfação do que aconteceu com a minha mulher, porque isso não vai trazê-la de volta, mas devem ao mundo o respeito e a satisfação do que aconteceu nesse crime bárbaro”, afirmou.
Monica disse ainda que a voz de Marielle não será calada. “Nós ainda assim seguiremos a luta dela juntos porque as nossas famílias existem e a luta não terminou com a morte dela, com a ausência física dela”, afirmou.
Em uma fala emocionada, Monica disse ainda que a vereadora virou um “símbolo de esperança”. “A Marielle se transformou numa coisa muito maior. Ela se transformou num símbolo de esperança e é por isso que a gente vai lutar e seguir lutando, porque Marielle é resistência, Marielle é força, Marielle é potência, e o mundo agora está vendo isso”, declarou.