Nos últimos anos, temos acompanhado a ascensão de artistas LGBT na cena musical brasileira, reinventando a MPB, dando uma nova roupagem, sobrepujando o preconceito e ocupando seus espaços de direito.
No entanto, apesar de esse ser um fenômeno interessante, a arte não é feita apenas por cantores, mas também por escritores, atores, entre outros, e, referente a isso, ainda há muito a ser feito, principalmente quando se trata da cultura queer como um todo.
É fato que as redes sociais e plataformas de streamings, como o YouTube, democratizaram a arte, e facilitaram o contato entre o artista e o público, sobretudo os jovens. Entretanto, não se pode negligenciar os espaços das casas noturnas que servem como ‘largada’ para essa galera e os eventos que visam dar visibilidade à essas pessoas.
Nesse sentido, a Feira Cultural LGBT, evento gratuito que antecede a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, reunindo milhares de pessoas vindas de várias partes do país e do mundo para presenciar a marcha pelos direitos LGBT na capital paulista, se transformou em um palco para dar voz e vida a esses corpos excluídos, dotados de talento, mentes brilhantes, vozes angelicais, mas que ainda não são, de fato, benquistos pela sociedade heterocisnormativa.
Para além do viés capitalista, a 18ª edição do evento que acontece no feriado, como o próprio nome confere, tem como premissa a divulgação de artistas e da própria cultura LGBT em si, “vendê-los”, abrindo as portas para drag queens, músicos e demais vertentes desse universo amplo chamado arte.
“A Feira Cultural LGBT é um momento de suma importância para celebrarmos a nossa cultura”, afirma o militante e membro de um dos grupos de trabalho responsáveis pela organização da Parada, Matheus Emílio, de 22 anos.
“Além da festa e da luta na grandiosa marcha da Parada, precisamos também de espaços como esse [feira], para conhecer e celebrar as nossas histórias, compartilhando inúmeras coisas boas encontradas no universo arco-íris”, conta.
Na Feira, são reunidos escritores, artistas, igrejas inclusivas, baladas, organizações não-governamentais, coletivos, lojas e diversos grupos da sociedade civil, e até mesmo do governo, que se encontram para apresentar ao público qual tem sido sua atuação e a sua importância no movimento, criando uma integração entre as diversas vozes que gritam e batalham diariamente pelos direitos das lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
Em crescente nos últimos anos, é inegável o impacto que a feirinha, como é popularmente conhecida, tem na disseminação das pautas LGBT entre a população, traduzidas em arte, afinal, arte é revolução e, tão importante quanto, um ato político, por vezes de resistência.
Portanto, pelo menos no que concerne à arte, a Feira Cultural mostra-se imprescindível na divulgação desses talentos.