Reino Unido apresenta plano para proibir terapias de ‘cura gay’ e LGBTfobia
Pesquisa britânica mostra que 66% das pessoas LGBT temem andar de mãos dadas.
O Reino Unido apresentou, nesta terça-feira, um plano de ação para acabar com a discriminação vivida pela comunidade LGBT, que inclui uma lei para proibir as falsas terapias que prometem “convertê-los” em heterossexuais. O plano se baseia nos dados reunidos em uma pesquisa online. Mais de 65% dos entrevistados contaram que já evitaram andar de mãos dadas com seus parceiros por temor de uma reação adversa.
“Me chocou o número de entrevistados que disseram não poder mostrar abertamente sua orientação sexual, ou que evitam andar de mãos dadas com seus parceiros por medo”, disse a primeira-ministra Theresa May. “Ninguém deveria ter de esconder quem é, ou quem ama”, concluiu.
‘Essas terapias são um erro’
A organização Stonewall, que defende os direitos LGBT, define essas terapias como “qualquer forma de tratamento, ou psicoterapia, que pretende reduzir, ou acabar, com a atração por pessoas do mesmo sexo. “Essas atividades são um erro, e não estamos dispostos a permitir que continuem”, afirma o governo em seu plano.
Pelo menos a metade dos entrevistados submetidos a uma dessas terapias disse que ela havia sido dirigida por um grupo religioso; 19%, por um profissional de saúde; e 16%, por um familiar, ou conhecido. Aproximadamente 40% tiveram incidentes como assédio verbal ou violência física nos 12 meses anteriores à pesquisa, mas mais de 90% deles não foram denunciados. Os entrevistados explicaram que “isso acontece o tempo todo”.
O plano do governo inclui a nomeação de um conselheiro nacional de saúde LGBT, ampliando um programa anti-LGBTfóbico de bullying nas escolas e melhorando a gravação e a denúncia de crimes de ódio LGBT, e também estabelece um “Fundo de Implementação LGBT” de 4,5 milhões de libras (cerca de R$ 23 milhões) para ajudar a concretizar o plano.
Dos entrevistados, 61% foram identificados como gays ou lésbicas e um quarto foi identificado como bissexual. Quatro por cento foram identificados como pansexuais, e 13% dos entrevistados eram transexuais, com 7% se identificando como “não-binários” — tendo um gênero que não era exclusivamente de um homem nem mulher.