Transexual é agredida com barra de ferro por apoiadores de Bolsonaro
Os casos de agressões de apoiadores do presidenciável se espalham pelo Brasil.
Temendo reações de transfobia, Barbosa, que é cantora e já atuou no grupo de Furacão 2000, costuma andar mais pela manhã. Por isso, voltava para casa na manhã de sábado quando passou por uma passarela em cima da Dutra, rodovia que liga Rio de Janeiro a São Paulo, na região da Baixada Fluminense.
Quando passaria pela passarela, começou a ser ofendida com gritos transfóbicos. “Antes de eu chegar na passarela, começaram a gritar ‘viado’, ‘lixo’, ‘tem que matar esse lixo’, ‘tomara que o Bolsonaro ganhe para matar esse lixo’. Aí começaram a falar de doença, ligado a AIDS, e acho que isso é pegar pesado então reagi: disse: ‘Fala na minha cara.’ Um dos caras pegou uma daquelas barras de ferro de segurar barraca e bateu na minha cabeça. Cai ao lado da Dutra. ‘Tontiei’ e estou cheio de marcas. Botei a mão no pescoço e vi que estava cheio de sangue”, contou.
Barbosa sentiu-se impotente porque disse que, de início, poucas pessoas a ajudaram e havia muitas pessoas em ônibus indo para o trabalho. “Enquanto isso, eu era executada como um bicho. Fiquei muito triste.”
Barbosa teve que tomar 10 pontos na cabeça no posto médico. Inicialmente, nem queria registrar o caso por conta de vergonha. Mas, por incentivos de pessoas próximas e da Associação LGBT de Nova Iguaçu, foi registrar o caso na 56ª Delegacia de Polícia. Na quarta-feira, fará exame de corpo de delito para verificar as agressões. Fotos a mostram toda roxa e com marcas na cabeça.
“Eu não queria fazer nada de vergonha que tive de apanhar. Mas as pessoas falaram para eu levar adiante por ser uma pessoa com repercussão. Fui linchada em praça pública por esses filhas da puta. É muito triste isso”, contou Barbosa, que se emociona e chora ao falar do episódio.
Questionado sobre os casos recentes de violência de seus apoiadores, o candidato do PSL disse que lamentava, mas que não tinha o que fazer. “Quem levou a facada fui eu, pô. O cara lá tem uma camisa minha e comete um excesso. O que eu tenho a ver com isso?”.
Veja os principais relatos
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29/8/2018 – Em São Paulo, uma funcionária do comitê de campanha de Guilherme Boulos (PSOL) afirmou ter sido ameaçada com uma arma por um apoiador de Bolsonaro. Ele passou na porta do comitê de campanha e ofendeu a funcionária que respondeu. Em seguida, ele apontou uma arma para a funcionária, segundo o jornal O Globo.
6/10/2018 – Segundo a revista Época, em Natal, professor do Colégio Mirassol fala sobre a Lei Rouanet durante aula e é acusado por pais de fazer apologia ao ex-presidente Lula (PT). Um dos pais ligou para a coordenação dizendo que ia com “mais três pais armados” para dizer por que é para Bolsonaro ser presidente do Brasil.
6/10/2018 – Em Maringá, a militante petista Vera Lucia Nogueira teve que tomar pontos após um homem não identificado tentar tirar uma bandeira e quebrar vidros de uma carreata. O homem estava em uma moto com adesivos de Bolsonaro.
7/10/2018 – Em Salvador, uma jornalista foi agredida e ameaçada por dois homens, um deles vestindo a camisa de Bolsonaro. Após votar, ela foi abordada por dois homens que viram seu crachá e disseram que era “riquinha e de esquerda”, e depois a marcaram com canivete e ameaçaram estuprá-la, segundo o jornal Correio da Bahia.
7/10/2018 – No Piauí, Lenilson Bezerra foi agredido por um grupo de apoiadores de Bolsonaro ao discutir com eles quando passava por uma manifestação. Ele vestia uma camisa vermelha, segundo o site Piauíhoje.
7/10/2018 – Em Maceió, Julyana Rezende Ramos Paiva foi agredida por um soco no rosto por apoiadores de Bolsonaro após dizer que votara em outro candidato. Eles desceram de um carro e agrediram na rua, de acordo com o site Maceió7segundos.
8/10/2018 – Em Porto Alegre, mulher não identificada acusa três agressores de marcarem com uma suástica sua pele em represália por ela usar camiseta com os dizeres #Elenão.
8/10/2018 – Em Salvador capoeirista Romuário Rosário da Costa, 63, foi assassinado a facadas em Salvador após discussão sobre Haddad e Bolsonaro. O acusado é Paulo Sergio Ferreira de Santana, que defendia o candidato do PSL.
9/10/2018 – Em Curitiba, um estudante da Universidade Federal do Paraná foi agredido por quatro membros de torcida organizada que gritavam “aqui é Bolsonaro”. Ele usava um boné do MST.
O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, comentou o ataque à garota. “Meu adversário diz que não pode responder pelos atos dos meus correligionários. É alguém que naturalizou a violência e agora se assusta com ela, a ponto de nem ir ao debate”, disse Haddad.