Rio de Janeiro

Bloco Minha Luz é de LED anuncia que está proibido de realizar desfile

A organização do grupo afirma, em comunicado, que a Polícia Militar não autorizou a realização do desfile nesta quinta-feira.

Minha Luz é de LED: homenagem ao desfile icônico de Joãosinho Trinta. (Foto: Victor Curi / Divulgação)
Minha Luz é de LED: homenagem ao desfile icônico de Joãosinho Trinta. (Foto: Victor Curi / Divulgação)

O bloco mais luminoso do Rio e adorado pela diversidade que atrai o público LGBT não vai poder se apresentar este ano. Apesar dos esforços dos organizadores para cumprir todas as exigências para se regularizar, o Minha Luz É de Led não obteve autorização da Polícia Militar e anunciou nesta segunda-feira que não vai conseguir espalhar a sua luz e energia no centro da cidade na noite de quinta-feira e madrugada de sexta-feira. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira, numa rede social.

Desde 2014, o Minha Luz é de Led faz a festa para quem não aguenta esperar o sábado de carnaval. Inspirados no nome do bloco, os foliões vestem fantasias brilhantes feitas com luzes de led, que se popularizaram junto com o bloco. O que começou com um cortejo entre amigos em torno de um triciclo cargueiro com equipamento de som todo enfeitado, chamado de Bananobike, reuniu no último ano mais de 15 mil pessoas em um palco montado na Praça Marechal Âncora para apresentação de DJs.

“Fizemos realmente tudo que estava ao nosso alcance do ponto de vista burocrático e legal, mas não foi suficiente. Infelizmente não temos mais nenhuma alternativa, estamos de mãos atadas. Nós estamos muito tristes, arrasados. É um ano inteiro de trabalho jogado fora”, diz a nota do bloco publicada nas redes sociais.

O bloco promoveu festas durante todo o ano para arrecadar dinheiro para o carnaval e chegou a obter patrocínio, que segundo os organizadores cobriria cerca de um terço dos custos com o palco, posto médico, banheiros químicos e ambulância.

Processo de legalização iniciado em agosto

Desde agosto, o bloco negociava com a prefeitura a legalização. E só conseguiu o ok após mostrar que poderia cumprir com todas as exigências de um evento na rua, pois por ser um bloco à noite com estrutura de palco não se enquadrava mais como bloco. A mudança fez também aumentar o número de requisitos necessários para obter a autorização, que só chegou em janeiro. Este ano, o Minha Luz planejava dividir o palco com o Cordão do Boitatá, na Praça Quinze.

“Por sermos noturnos, a Riotur não nos reconhece como bloco e precisamos fazer a legalização como evento de rua, o que é muito mais burocrático e custoso. Em janeiro, 6 meses após o início desse processo, conseguimos o documento de permissão para o evento, emitido pela prefeitura. Mesmo assumindo todos os custos e cumprindo todas as exigências como: contratação de posto médico, ambulância, UTI móvel, segurança, banheiros, limpeza, brigadistas e extintores, mesmo tendo feito reuniões com a secretaria de eventos, com engenheiros da prefeitura para localizarmos nosso palco num lugar que mais respeite as regras da cidade, além de muitos outros esforços, nosso processo foi indeferido no dia 6 de fevereiro pela Polícia Militar do Rio de Janeiro”, diz um trecho do comunicado.

A figurinista Carla Ferraz, uma das organizadoras do bloco, conta que o bloco tem a planta do palco assinado por arquiteto, se reuniu com engenheiros da prefeitura para adequar o projeto à estrutura da Praça XV, possui o documento técnico assinado por engenheiros para montar o equipamento de luz e som, além do teste de flamabilidade da tenda sob a qual seria montado o palco. Com o crescimento do bloco, os organizadores precisamos do apoio do poder publico para realizar o evento sem incidentes.

“Estamos desde o ano passado, tentando nos regularizar, para dar ao público maior segurança e não prejudicar a cidade. Legalizar um bloco é muito difícil, além de ser muito caro. Tentamos fazer tudo certinho, mas esbarramos na PM.

De Daft Punk a Alípio Martins, passando por Bob Marley, Kraftwerk, Araketu e Led Zeppelin. O bloco se tornou conhecido pelo repertório eclético, executado de uma parafernália chamada “BananoBike”, um sistema de som construído em um triciclo.

Nesta sexta-feira, o Minha Luz é de LED participa da festa Auê no galpão HUB, no Santo Cristo, junto com Duda Beat, Vulcão Erupçado e DJs.

A Assessoria de Imprensa da PM informou que, segundo o comando do 5ºBPM (Praça da Harmonia), a organização do bloco não obedeceu o prazo determinado para entrega de documentação necessária. No entanto, o prazo foi perdido, porque a prefeitura só liberou o palco na Praça XV em janeiro.

Foliões lamentaram a proibição.

“O Carnaval do Rio de Janeiro morrendo junto com a cidade, a cidade perde mais um bloco Incrível, de todos, de todas as tribos que queriam apenas brilhar, é angustiante saber que em um carnaval que está prestes a começar, o Minha Luz é de Led não será a abertura dessa época tão mágica que costumava ser. Um dos melhores blocos do Carnaval e melhor bloco para muitos”, postou o internauta Gabriel Coutinho.

“Gosto muito do bloco!!! Uma vez fiquei no bar ajudando a entregar cerveja, com uma amiga, a Ingrid Gerolimich. Foi inesquecível. Adoraria ajudar outras vezes. Uma pena, não sair esse ano”, escreveu Camila Kawakami.

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