Política

‘Tenho certeza que vão me condenar por homofobia’, diz Bolsonaro em vídeo de reunião ministerial

Vídeo faz parte do Inquérito que investiga o presidente por interferência na PF. Bolsonaro já foi condenado a pagar R$ 150 mil por homofobia.

Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), na reunião ministerial em 22 de abril, no Palácio do Planalto. (Foto: Marcos Corrêa/PR)
Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), na reunião ministerial em 22 de abril, no Palácio do Planalto. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Em um dos trecho do vídeo, que o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro conclama seus ministros a fazerem declarações de defesa do governo e afirma que, se partidos de esquerda chegarem à Presidência depois dele, ele e seus aliados terão que deixar o país sob risco de serem presos.

“Porque se for a esquerda, eu e uma porrada de vocês aqui tem que sair do Brasil, porque vão ser presos. E eu tenho certeza que vão me condenar por homofobia, oito anos por homofobia”, disse.

O vídeo faz parte do Inquérito que investiga as acusações feitas por Moro de que o presidente queria interferir pessoalmente na PF, ligar para diretores e superintendentes e ter acesso a relatórios sigilosos.

O interesse do presidente na superintendência da PF no Rio é um dos pontos principais da investigação. Moro pediu demissão após Bolsonaro exonerar o então diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo. E um dos primeiro atos do novo diretor-geral da PF, Rolando de Souza, foi trocar o diretor da PF no Rio.

Já é condenado!

Em meio de 2019, a maioria dos desembargadores da Sexta Câmara Cívil do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decidiu manter a condenação do presidente Jair Bolsonaro a pagar R$ 150 mil, por danos morais, ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDDD), do Ministério da Justiça. A ação contra o então deputado foi motivada por declarações homofóbicas e racistas feitas por ele no programa “CQC”, da TV Bandeirantes, em março de 2011.

Na ocasião, questionado sobre o que faria se tivesse um filho gay, Bolsonaro afirmou que isso não aconteceria com ele porque seus filhos “tiveram boa educação”. Em outro momento, perguntado pela cantora Preta Gil sobre como reagiria se um de seus filhos se apaixonasse por uma mulher negra, respondeu:

“Eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o seu”.

Após a decisão da Justiça do Rio, Bolsonaro havia entrado com embargos no tribunal. Por três votos a dois, os desembargadores decidiram manter a condenação e a pena aplicada. O presidente ainda pode recorrer da decisão.

A ação foi movida pelo Grupo Diversidade Niterói, Grupo Cabo Free de Conscientização Homossexual e Combate à Homofobia e Grupo Arco-íris de Conscientização. Na sentença, a juíza responsável pelo caso, Luciana Santos Teixeira, destacou que “não se pode deliberadamente agredir e humilhar, ignorando-se os princípios da igualdade e isonomia, com base na invocação à liberdade de expressão”.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo