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Vaticano diz que fala do papa sobre união civil do mesmo sexo foi ‘tirada de contexto’

Na última semana, a Secretaria de Estado do Vaticano enviou um "comunicado explicativo" afirmando que o papa expressou ser contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Papa Francisco durante celebração de missa no Vaticano em meio de 2020. (Foto: Remo Casilli/AP)
Papa Francisco durante celebração de missa no Vaticano em meio de 2020. (Foto: Remo Casilli/AP)

Um documentário, lançado no festival de cinema de Roma no dia 21 de outubro, chamou atenção em todo o mundo por incluir falas do papa reconhecendo as famílias LGBT e ressaltando a necessidade de leis de união civil para casais do mesmo sexo. Os comentários do papa agradaram aos liberais e suscitaram pedidos de esclarecimento por parte dos conservadores.

O Vaticano declarou que os comentários do papa Francisco sobre a união civil de casais do mesmo sexo, parte do documentário Francesco, lançado em outubro, foram retiradas de contexto e não simbolizam mudanças na doutrina católica. Na última semana, a Secretaria de Estado do Vaticano enviou um “comunicado explicativo” para seus embaixadores, que encaminharam a mensagem aos bispos. O texto foi revelado pelo biógrafo papal Austen Ivereigh. Uma fonte do Vaticano confirmou a informação na segunda-feira (2) e um embaixador no México publicou o texto em uma página de Facebook.

O comunicado diz que duas frases separadas, em resposta a duas perguntas distintas, foram editadas para parecer uma só, deixando o contexto e as perguntas de fora do vídeo. O diretor do documentário, Evgeny Afineevsky, disse a repórteres que entrevistou o papa, mas jornalistas encontraram o vídeo em questão em um material gravado pela rede de televisão mexicana Televisa em 2019. Parte do material foi deixada de fora da transmissão televisiva.

A frase em que Francisco diz “é uma incongruência falar em casamento homossexual” teria sido cortada. “É evidente que o papa Francisco estava se referindo a certas medidas governamentais, não à doutrina da Igreja, reafirmada por ele diversas vezes ao longo dos anos”, diz a nota. A Igreja ensina que “tendências homossexuais” não são pecado, mas “atos homossexuais” são e que pessoas LGBT devem ser tratados com respeito.

A declaração diz que, na verdade, o papa se referiu ao direito de pessoas LGBT de serem aceitos por suas famílias como filhos e irmãos. De acordo com a nota, o documentário cortou comentários em que o papa expressou ser contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e deixou claro que estava se referindo a leis de união civil, que alguns países legalizaram para regular benefícios como o acesso à saúde.

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