Rio Grande do Sul

Polícia investiga áudio em que profissional orienta que empresa não contrate gays ‘que virem a mão e desmunhequem’; ouça

Investigações preliminares da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância de Porto Alegre apontam para a veracidade da gravação. Rede de farmácias nega relação com o caso, que define como "fake news".

Imagem ilustrativa: áudio preconceituoso teria sido gravado por funcionária de rede de drogarias. (Foto: Getty Images)
Imagem ilustrativa: áudio preconceituoso teria sido gravado por funcionária de rede de drogarias. (Foto: Getty Images)

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga a autoria de um áudio que circula desde o fim de semana nas redes sociais, onde uma suposta recrutadora de uma rede de farmácias faz orientações homofóbicas e preconceituosas quanto à contratação de funcionários para a empresa. Na gravação, que teria sido enviada a um grupo de trabalhadores da rede, e gerou revolta Brasil afora assim que veio à tona, a mulher sugere que pessoas “feias”, gordas e homossexuais – a quem ela se refere pejorativamente como “viados” — não sejam admitidas.

‘Feio e bonito é o mesmo preço’

— Você sabe, que feio e bonito é o mesmo preço, né, gente? Então, vamos cuidar muito das nossas contratações. Pessoas muito tatuadas vocês sabem que a empresa não gosta. Piercing na língua, no nariz, na testa, não pode. A gente lida com saúde. Pessoas muito gordas vocês sabem que… então, assim, cuidem as aparências. Cuidem as aparências. Se pegar alguém, com todo respeito, viado, e tudo mais, tem que ser uma pessoa alinhada, que não vire a mão, desmunheque, então vamos cuidar das equipes que nós vamos pegar: gente boa, com disposição e com vontade – diz a suposta recrutadora na gravação. — Não esqueça: feio e bonito a gente vai pagar o mesmo preço. Então, vamos pegar os bonitos, né? nós não somos bobos, nem nada.

O áudio em questão teria sido gravado por uma funcionária da Rede de Farmácias São João, que em nota divulgada em uma rede social negou o fato e disse se tratar de fake news “com o objetivo de prejudicar a imagem da empresa”. A investigação da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância, em Porto Alegre, que tem acompanhado o caso desde o fim de semana, no entanto, tem apontado para a veracidade da gravação.

“Nós estamos investigando, mas, de antemão, acreditamos que o áudio seria verídico. Teria partido de uma coordenadora da rede de farmácias aqui do litoral norte Gaúcho”, comentou o delegado Antônio Carlos Ractz Jr., da especializada, que reforça que as apurações continuam.

Confira a nota da rede de farmácias São João na íntegra:

“A Rede de Farmácias São João informa que estão circulando mídias com informações falhas publicadas por pessoas externas e desconhecidas, com o objetivo único de prejudicar a imagem da empresa. Informa, também, que já está tomando todas as medidas cabíveis para averiguar e responsabilizar terceiros contra os conteúdos gerados. Alertamos que a publicação de notícia falsa e inverídica (fake news) no intuito de ofender a honra e a imagem de alguém, pode caracterizar tipos penais descritos nos arts. 138, 139 e 140, todos do Código Penal, cumulados com a majorante do art. 141, III, do Código Penal e com penas de multa e prisão.

As Farmácias São João reafirmam seu compromisso com a diversidade. A empresa repudia toda e qualquer manifestação que possa contrariar ao ideal e valores de respeito aos direitos humanos. Temos consciência de que a pluralidade é democrática, faz parte do desenvolvimento sustentável e à preservação das liberdades individuais.

A empresa informa que segue firme em seu plano de expansão, em seus princípios e valores. Ainda, este ano, contratará mais de 500 novos colaboradores nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, buscando verdadeiramente um ambiente salutar, onde as pessoas se sintam felizes e acolhidas, independente da sua ideologia, porque são elas que movimentam toda a organização”.

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