Negra, lésbica e imigrante: Karine Jean-Pierre é a nova porta-voz da Casa Branca
"Sou tudo o que Donald Trump odeia", disse Karine, que é casada com uma repórter da CNN, com quem tem uma filha.
A Casa Branca mudou de rosto. A nova porta-voz da presidência dos Estados Unidos, Karine Jean-Pierre, é a primeira mulher negra abertamente lésbica a ocupar o cargo.
Com informações do correspondente da RFI em Washington, Guillaume Naudin
Em 2018, Karine Jean-Pierre disse em uma entrevista: “Sou tudo o que Donald Trump odeia”. Quatro anos depois, ela será a responsável por conduzir o discurso presidencial e responder diariamente às perguntas da imprensa. Longe de ser uma novata na política, ela já participou de inúmeras campanhas eleitorais e fez parte das equipes de Barack Obama e depois de Joe Biden.
Filha de pais de origem haitiana, que fugiram da ditadura de Jean-Claude Duvalier, Karine Jean-Pierre, 44, nasceu na Martinica. Seus pais se mudaram para os Estados Unidos quando ela tinha 5 anos e foi lá que Karine fez sua vida. Uma jornada familiar que exemplifica o sonho americano. Seu pai era taxista e sua mãe, cuidadora. Karine se formou na prestigiosa Universidade de Columbia, em Nova York, antes de se tornar uma ativista social e depois na política.
Karine Jean-Pierre participou da campanha presidencial de Barack Obama em 2008 e continuou trabalhando com ele, na Casa Branca. Após a reeleição do democrata, ela começa a dar aulas em Columbia, se torna analista de política na televisão e porta-voz de um movimento de apoio a candidatos progressistas.
Casada com uma repórter do canal americano de TV CNN, com quem tem uma filha adotada, Karine conhece bem a relação com a imprensa. Já participou de várias coletivas na Casa Branca como vice-porta-voz. Agora, ela sucede a sua chefe, Jen Psaki, que deve assumir um cargo num canal de notícias próximo aos democratas.
“Ela vai dar voz a tantas pessoas”
Na quinta-feira (5), Jen Psaki apresentou Karine Jean-Pierre ao final de um encontro com jornalistas credenciados na Casa Branca. Com a voz às vezes embargada de emoção, ela elogiou as qualidades de sua assistente, a quem abraçou várias vezes.
Karine Jean-Pierre “será a primeira mulher negra, a primeira pessoa abertamente LGBT+ a ocupar esse cargo, o que é ótimo, porque representatividade é importante. Ela dará voz a tantas pessoas e mostrará o que é possível quando você trabalha duro e sonha alto”, disse Psaki.
Igualmente emocionada, a futura Secretária de Imprensa declarou: “É um momento histórico e estou bem ciente disso. Eu entendo o quanto é importante para muita gente”.