O símbolo One Love tornou-se pivô de um embate político entre seleções europeias e a FIFA, desde as vésperas da Copa do Mundo. A imagem viria marcada na braçadeira dos capitães de pelo menos sete equipes no Catar, mas que foram demovidas da ideia após a entidade máxima do futebol ameaçar a aplicação de punições esportivas – com cartão amarelo – aos atletas que a utilizarem. Mas afinal, o que é o One Love?
O símbolo da One Love tem um coração pintado em listras de seis cores e o número 1 ao centro da imagem. É colorido, mas não o arco-íris específico da bandeira LGBTQIA+ – considerando o espectro de cores visível ao olho humano.
No caso da One Love, a mistura de cores retratada simboliza diferentes raças, origens, identidades de gênero e orientações sexuais. No vermelho, preto e verde está o símbolo de raça e origem. No rosa, amarelo e azul… estão representadas todas as identidades de gênero e orientações sexuais.
A campanha começou especificamente dentro do futebol holandês, no dia 26 de setembro de 2020, com uma carta aberta assinada por mais de 60 representantes de clubes de futebol. Ela tem o lema inspirado em uma citação de Nelson Mandela – de que “O futebol tem o poder de unir as pessoas” – e faz parte de uma campanha ainda mais ampla: a “Ons Voetbal Is Van Alles”.
A Ons Voetbal é um plano de ataque da Holanda para combater a discriminação no futebol. Foi construído como resposta a um caso de racismo contra o atleta Ahmad Mendes Moreira, durante um jogo entre FC Den Bosch x Excelsior, em novembro de 2019, e está baseado em três pilares: prevenção, identificação e sanção.
Desde o ano passado, a One Love também se transformou em um programa de treinamento e plataforma online com foco no ensino sobre diversidade para equipes de base. O programa tem o intuito de ajudar as associações a se tornarem mais inclusivas, além de aumentar a conscientização sobre diversidade e a perspectiva de ação de dirigentes, treinadores e árbitros.
O uso do símbolo
Desde 2020, o One Love tem sido representado nas competições do futebol holandês. A seleção nacional o vestiu pela primeira vez em novembro de 2020, em uma partida contra a Espanha, e depois repetiu o gesto durante as Eliminatórias do Mundial, em março, e nos amistosos de maio a junho de 2021.
Em setembro, por fim, recebeu o apoio de outros nove países: Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Inglaterra, França, Noruega, País de Gales, Suécia e Suíça. Ela chegou a ser utilizada em jogos internacionais, mas às vésperas da Copa houve mudanças – como no caso da França, que desistiu da ideia após o capitão Hugo Lloris dizer que respeitaria as leis do Catar.
O país sede da Copa tem problemas relacionados aos direitos humanos, como no caso dos trabalhadores migrantes e da postura sobre os direitos das mulheres e de pessoas LGBTQIA+. A Código Penal do Catar, por exemplo, proíbe der LGGBTQIA+ com pena de morte.