Casal é alvo de homofobia após ensaio fotográfico com camisa do Remo
Fotos dos torcedores azulinos são compartilhadas com legendas preconceituosas, acompanhadas também de comentários homofóbicos.
A rivalidade entre Remo e Paysandu é clássica no futebol brasileiro. Há muitos anos, torcedores azulinos e bicolores “zoam” uns com os outros. Mas em alguns casos a zoação sai do campo do esporte e entra no do preconceito.
Hércules Cássio e o namorado (que prefere não ter o nome revelado) vêm passando por esse momento. O casal remista pretende noivar em breve e decidiu realizar um ensaio fotográfico no final de 2022. Após o trabalho finalizado e com as fotos prontas, o fotografo Paulo Victor decidiu postar o resultado nas redes sociais.
Porém, recentemente, Hércules viu as fotos do ensaio viralizando nas redes sociais como ferramenta de ataque homofóbico aos torcedores do Remo. Um homem publicou as imagens com a legenda: “Amor vamos pro jogo/depois de tirar umas fotos”. Em poucas horas, a publicação já estava cheia de comentários homofóbicos, vindo de supostos torcedores do Paysandu.
“Eles ficaram brincando com a nossa imagem”, afirmou Hércules Cássio, torcedor do Remo.
Em uma outra publicação, uma mulher posta a foto de Hércules e o namorado com a legenda: “Pra mim todo remista é assim”.
Em entrevista a Globo, Hércules contou que entrou em contato com o dono da primeira publicação citada. Ele disponibilizou a conversa que teve com homem, que disse que não iria apagar a postagem e ainda pediu para o casal buscar os direitos na justiça.
A publicação foi apagada. Hércules ressaltou que irá entrar com um processo na justiça contra o homem que fez a postagem. Ele afirmou que ficou muito abalado com toda a situação.
“Quando eu vi, fiquei muito triste, mexeu com meu psicológico. Não tem como não ligarmos. Têm comentários bons, mas têm uns que são muito fortes. Eles ficaram brincando com a nossa imagem só por que estávamos com a camisa do Remo. Nós somos torcedores”, disse.
Homofobia é crime inafiançável
A criminalização da homofobia foi permitida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em decisão de junho de 2019. Por 8 votos a 3, os ministros consideraram que atos preconceituosos contra pessoas LGBTQIA+ passariam a ser enquadrados no crime de racismo.
A criminalização da LGBTQIA+fobia prevê que:
- “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
- a pena será de um a três anos, além de multa;
- se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
- e a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.