Justiça manda remover vídeos LGBTfóbicos de André Valadão do Youtube e Instagram
No dia 2 de julho, em transmissão ao vivo, pastor defendeu que "cristãos matem integrantes da comunidade LGBTQI+".
A Justiça Federal em Minas Gerais decidiu ontem pela remoção de vídeos do pastor evangélico André Valadão, publicados no Youtube e Instagram, que possam causar “efeito potencial homofóbico e transfóbico”. A decisão atende a um pedido do Ministério Público Federal em Minas Gerais, que apontou a necessidade de retirar os conteúdos considerados discriminatórios. O juiz José Carlos Machado Júnior determinou que o Google e a Meta, responsáveis pelas plataformas, removam as publicações em até 5 dias, sob pena de multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento.
A determinação judicial refere-se a cultos religiosos realizados nos dias 4 de junho e 2 de julho, e lista 9 links em que o conteúdo foi reproduzido, além de reportagens em veículos de comunicação que abordaram o vídeo. A assessoria de imprensa do pastor afirmou que Valadão ainda não foi notificado da decisão. O Google informou que já foi notificado e está analisando a decisão, enquanto a Meta ainda não se posicionou.
“O teor das declarações do primeiro requerido nos cultos indicados, mesmo que proferidas em um contexto de manifestação religiosa, excedeu os limites da liberdade de expressão e de crença, oferecendo um risco potencial de incitar nos ouvintes e fiéis, sentimentos de preconceito, aversão e agressão para com os cidadãos de orientação sexual diversa daquela defendida por ele”, diz o Juiz José Carlos Machado Júnior
O que disse o pastor:
Durante o mês de junho deste ano, André Valadão fez, em seus perfis nas redes sociais, a campanha “Orgulho não” ou “No Pride”. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), as postagens fazem clara referência discriminatória à população LGBTQIA+, uma vez que a palavra orgulho aparece nas cores da bandeira símbolo do movimento.
No dia 2 de julho, em transmissão ao vivo, Valadão diz que “se Deus pudesse, mataria todos pra começar tudo de novo”. O pastor diz: “Tá com você. Sacode uns quatro do teu lado e fala: vamos pra cima!”.
Para o MPF, a fala do líder religioso “é clara ao estimular os cristãos a repudiarem e atacarem fisicamente essa coletividade de pessoas que, socialmente, já se encontra em situação de vulnerabilidade social”.
Diante da repercussão negativa, o pastor alegou que a declaração não diz respeito a morte, mas, sim, a uma mudança de comportamento: “Nunca será sobre matar pessoas, Deus nos livre deste terrível pecado, violência ou discriminação, mas sobre a liberdade de viver o que crê. A série Censura Não é sobre isso, e a cada dia que passa vemos leis, mídias, educação e um sistema mundial tentando ecoar a verdade da fé que um cristão genuíno carrega”.