Erika Hilton aciona MPF por fala transfóbica de deputado Pastor Isidório
Parlamentar chamou psolista de 'meu amigo' em tom de deboche durante sessão em comissão da Câmara.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) entrou, nesta quarta-feira, com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o também parlamentar Pastor Isidório (Avante-BA) por uma fala transfóbica. Hilton, que é uma mulher trans, foi chamada de “meu amigo” em tom de provocação pelo deputado.
Na ação, a parlamentar pede que Pastor Isidório seja autuado pelo crime de transfobia e pague uma multa de R$ 3 milhões em danos morais coletivos. Além disso, solicita que ele seja condenador por “incitar a discriminação e o preconceito contra pessoas trans e travestis” e “por ter assediado, constrangido, humilhado detentoras de cargo eletivo, utilizando-se de menosprezado e discriminação à condição de mulher”.
A fala, que foi apontada como transfóbica, aconteceu durante a sessão desta terça-feira da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, que iria analisar o PL que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil.
“A bíblia não é um absurdo, meu amigo. A bíblia não é um absurdo, meu amigo. A bíblia é a palavra de Deus”, disse Isidório a Hilton durante a comissão.
Na mesma reunião, o pastor Isidório fez outras falas preconceituosas. Com a Bíblia aberta, o deputado disse que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é algo do Brasil, mas da Grécia:
“A gente sabe que Deus criou homem e mulher e abençoou. Todavia, o que estamos vendo no Brasil e com direitos constitucionais, do convívio de homem com homem e mulher com mulher, vem da Grécia, vem de Roma. Não é coisa aqui do Brasil”.
Ele também afirmou durante sua fala que “homem nasce com binga e mulher nasce com tcheca”.
Na representação ao MPF, Hilton diz ainda que a fala do parlamentar incentiva o ódio, o preconceito e a discriminação contra a população trans.
“A discriminação na fala do Representado é nítida e direta, porque decorrente da intenção explícita de humilhar e constranger toda a população transexual do país, causando prejuízo no exercício adequado do direito fundamental à cidadania e risco aumentado de violência por discursos como este. Nesse caso, é precisamente a condição transexual que motiva o discurso do Representado, de forma consciente e proposital”, diz no despacho a deputada.
O Gay1 entrou em contato com a equipe do deputado Pastor Isidório, mas não obteve retorno até o momento.