A homofobia de fiéis católicos com uma drag queen fez com que 39 dançarinos de uma quadrilha junina da Zona Norte do Rio de Janeiro desistissem de se apresentar numa tradicional festa da capital fluminense no último dia 16. A desistência foi definida como protesto contra a LGBTfobia.
Há 23 anos, a quadrilha Nazaré Show se apresentava anualmente na homônima Paróquia Nazaré, localizada no bairro carioca de Anchieta. Foi nessa igreja que o grupo de dançarinos se uniu pela primeira vez em 2001, antes de passar a atender a uma demanda de 50 apresentações anuais.
Só que um dos integrantes da quadrilha, desde o ano passado, vinha se apresentando trajado e maquiado como uma drag queen. Antes identificado pelo gênero masculino (um dos “cavalheiros”), ele realizou o desejo de participar da dança típica com uma performance feminina (entre as “damas”).
A mudança, no entanto, gerou incômodo. Para a festa deste ano, os fiéis que coordenam o evento solicitaram à quadrilha que “evitassem questões de diversidade”, sobretudo de maneira destacada. No show anterior, a drag queen abria os trabalhos e aparecia numa posição elevada ante os demais. A preocupação relatada à quadrilha era relativa a percepção de crianças diante da dançarina.
A partir do pedido, a direção da quadrilha Nazaré Show interpretou que os fiéis responsáveis pelo evento da paróquia estavam sendo preconceituosos em relação à drag queen e, por isso, abriram mão de se apresentar na festa junina — o espetáculo era gratuito, sem cobrança de cachê.
O anúncio da desistência foi acompanhado de um texto de um dos diretores da quadrilha. Diz trecho:
“Diferente da paróquia, seguimos a proposta cristã de inclusão , independente das diferenças. Para transfobia disfarçada de opinião, preferimos o afastamento. Essa aceitação e a inclusão é muito do que pede o Papa, principal pastor da Igreja Católica, mas que parece não ser muito popular por lá (na Paróquia Nazaré)”.
Além da drag queen, a quadrilha Nazaré Show mantém em seus quadros outros representantes da sigla LGBTQIA+, assim como dançarinos negros (com destaque para as mulheres) e PCDs.
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