Um estudante de 14 anos do Colégio pH, campus Botafogo, no Rio de Janeiro, foi alvo de injúria racial e homofobia por parte de colegas de turma. As agressões começaram em maio do ano passado, segundo relato de sua tia, Sheila de Paula, para o Jornal O Globo, e se intensificaram em um grupo de WhatsApp dos alunos. No boletim de ocorrência registrado pela família, a vítima afirmou que quatro colegas o chamavam de “viado” e faziam comentários racistas quando termos como “preto” e “macaco” eram mencionados.
Os ataques, que começaram cerca de três meses após o adolescente iniciar os estudos no colégio, resultaram em uma mudança de turma. No entanto, a família critica a falta de ações mais efetivas por parte da escola. “Os ataques são recorrentes, e meu sobrinho perdeu a vontade de estudar”, afirmou Sheila. Ela conta que, apesar de diversas tentativas de contato com a coordenadora pedagógica, a escola não realizou uma reunião com os pais das alunas envolvidas.
“Eu não acredito que essa seja a única medida a ser providenciada pela escola. Os ataques são recorrentes, meu sobrinho perdeu a vontade de estudar. No começo desse ano ele queria mudar de escola e foi aí que descobrimos os ataques. Como nada foi feito de forma efetiva, recorremos à polícia”, afirma Sheila.
A tia do jovem conta ainda que o sobrinho sofreu constrangimento com a troca de turma, visto que os novos colegas souberam o motivo pelo qual ele foi transferido. Segundo a família, já houve episódios em que o estudante chegou chorando em casa devido às falas preconceituosas. Este ano, ele precisou começar acompanhando psicológico.
A instituição nega a falta de ação e, em nota (leia a nota na íntegra abaixo), declarou que “repudia qualquer atitude discriminatória”, afirmando ter se reunido com os envolvidos e seus familiares para garantir as medidas necessárias. No entanto, a família afirma que o estudante precisou iniciar acompanhamento psicológico devido ao impacto emocional das agressões.
Em prints de uma troca de mensagens, uma das alunas envolvidas no caso enviou uma figurinha no WhatsApp à vítima que dizia “gay não opina aqui”. Segundo relato do estudante, a jovem também chegou a dizer que ele “gosta de pênis e coisas masculinas”.
Outra aluna teria assumido que é “a maior homofóbica que existe com orgulho”, após chamá-lo de “viado”. Falas como “menino sexualmente suspeito”, além de risadas e olhares em tom preconceituosos também teriam sido direcionados à vítima.
“É muito doloroso ver tudo isso acontecendo, e é mais doloroso ainda saber que o fator racial intensifica os ataques. Meu sobrinho diz que alunos brancos que demonstram ser tão sensíveis quanto ele não são agredidos da mesma forma”, diz Sheila.
Leia a nota do Colégio pH
“O Colégio pH repudia qualquer atitude discriminatória e qualquer ação nesse sentido não condiz com os valores e diretrizes adotados pelo colégio. Nesse sentido, o colégio lamenta o ocorrido em um grupo de WhatsApp dos estudantes.
A escola informa que apurou o ocorrido, reuniu-se com os envolvidos e seus familiares a fim de garantir todas as medidas necessárias para que o respeito e a igualdade sempre prevaleçam, tratando o assunto com toda a seriedade que ele merece. O colégio afirma ainda que aplicou as sanções e tomou as medidas educativas necessárias.
O Colégio pH destaca ainda que tem como compromisso construir uma cultura antirracista reafirmando que a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva e igualitária é, e sempre será, uma responsabilidade diária.
A escola zela pelo bem-estar e acolhimento de seus alunos e segue integralmente à disposição de todos.“