Mulher trans diz que foi impedida de usar banheiro e agredida por seguranças de boate no DF

Vítima conta que sofreu transfobia; dono do Vitorino Bar nega. Imagens gravadas por testemunha mostram mulher levando 'mata leão'.

Mulher trans impedida de usar banheiro

Uma mulher trans diz ter sido impedida de usar o banheiro feminino e de ter sido agredida por seguranças do Vitorino Bar, uma boate em Ceilândia, no Distrito Federal, na madrugada de domingo (9). Ela conta que foi vítima de transfobia.

Imagens feitas por testemunhas mostram o momento das agressões (veja vídeo acima). É possível ver a jovem caída no chão enquanto levava um golpe conhecido como “mata leão”. Outro homem segurava as pernas dela. Em outra imagem, ela estava desmaiada no chão da boate.

Em nota, a boate nega o ocorrido e diz que reforça o compromisso com “o respeito, a diversidade e a inclusão”. Ainda de acordo com o bar, a mulher se envolveu em uma confusão com outro cliente e, por isso, os seguranças interviram (veja íntegra da nota abaixo).

Confusão

A vítima, que não quer se identificar, afirma ter sofrido transfobia, já que a perseguição dos seguranças começou depois que ela tentou usar o banheiro feminino.

“Fui no banheiro e na porta tinha um segurança. Ele meio que, com piadinha e transfobia, falou que era para eu usar o banheiro masculino. Eu falei para ele que não tinha nenhum homem, porque eu sou uma mulher trans. Desde esse momento, eles começaram a jogar piadinhas”, diz a vítima.

Segundo ela, depois de usar o banheiro, foi chamada por amigos para entrar na área vip do bar, mas foi retirada a força pelos seguranças e colocada para fora do ambiente.

“Como se eu fosse um cachorro ou algo do tipo. Eu paguei para estar ali, curtindo o show, achando que eu estava segura, sem saber que os seguranças eram os agressores e tratam os clientes como se fossem lixo. Eu me senti muito desvalorizada. Deslocaram meu joelho, estou toda machucada. Meu pescoço, não consigo mexer. Estou usando colete cervical”, diz a mulher.

Ela registrou boletim de ocorrência e fez exame de corpo de delito. A Polícia Civil investiga o caso.

Mulher trans é impedida de usar banheiro e agredida por seguranças em boate, no DF. (Foto: TV Globo/Reprodução)

O que diz a boate

“A Vitorino Bar vem a público esclarecer os fatos a respeito do episódio ocorrido na noite de 09/03/2025, que tem sido indevidamente interpretado como um ato de transfobia. Ressaltamos que tais alegações não condizem com a verdade dos acontecimentos e reforçamos nosso compromisso inegociável com o respeito, a diversidade e a inclusão.

Na referida noite, a cliente em questão permaneceu no estabelecimento desde o início do evento, usufruindo normalmente de todas as dependências do bar, incluindo os banheiros, sem qualquer tipo de questionamento ou restrição. Portanto, causa estranheza a narrativa de que teria sido impedida de utilizar o banheiro somente no final da noite.

O que de fato ocorreu foi um incidente lamentável na área VIP, onde a cliente se envolveu em uma discussão acalorada com outro frequentador. Testemunhas relataram que, durante essa altercação, ela aparentava estar transtornada, com comportamento agressivo, pupilas dilatadas e salivação excessiva, características que sugerem um possível estado de alteração. Em meio à confusão, a cliente quebrou duas caixas de som e, em seguida, começou a discutir de forma exaltada com as próprias pessoas que haviam lhe convidado para a área VIP.

Diante do risco iminente de maiores danos à integridade da própria cliente, de outros frequentadores e do patrimônio do estabelecimento, a equipe de segurança interveio com técnicas adequadas de imobilização, com o único objetivo de conter a situação até que a cliente recobrasse a calma. Em nenhum momento houve agressão gratuita, tampouco qualquer conduta discriminatória por parte dos seguranças. Pelo contrário, diante do estado visivelmente alterado da cliente, o Vitorino Bar acionou o Corpo de Bombeiros para que ela pudesse ser encaminhada em segurança e receber o suporte necessário.

O Vitorino Bar repudia qualquer tentativa de associar esse episódio a um ato de transfobia. Nosso estabelecimento tem um histórico consolidado de respeito à comunidade LGBTQIA+, contando inclusive com funcionários e colaboradores que fazem parte dessa comunidade e sempre encontraram um ambiente acolhedor e inclusivo. Jamais compactuaríamos com qualquer tipo de discriminação.

Reiteramos nosso compromisso com um espaço de diversão e respeito a todos os públicos e permaneceremos colaborando com as autoridades para o total esclarecimento dos fatos.”

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