A Alemanha registrou no primeiro semestre deste ano 27% mais casos de violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais do que no mesmo período do ano anterior, segundo relatório do Ministério do Interior divulgado nesta quarta-feira (9) pela imprensa alemã.
Nos primeiros seis meses do ano, foram registrados 130 delitos contra pessoas LGBT. Em 2016, houve 102 ataques LGBTfóbicos no mesmo período.
A Associação de Homossexuais e Lésbicas (LSVD, sigla em alemão) exigiu do próximo governo alemão, a ser eleito em setembro, a implementação de um programa nacional contra a violência LGBTfóbica.
Segundo a organização, os crimes de ódio contra pessoas LGBT são rotina no país. “Uma sociedade aberta precisa garantir que todas as pessoas possam ser diferentes o tempo todo, em todo lugar, sem medo de hostilidades”, diz a declaração do LSVD.
Para a associação, os números divulgados pelo Ministério do Interior alemão não dão conta da realidade, já que nem todo ataque é denunciado no país. O grupo pediu melhorias nos procedimentos de denúncia e uma comunicação permanente entre a polícia e a comunidade LGBT.
Nos primeiros seis meses do ano, foram registradas investigações contra 70 suspeitos, em comparação com 58 no mesmo período de 2016. Dos 130 delitos de 2017, 29 foram lesões corporais, 30 se enquadram na definição de “outros delitos de violência”.
Também houve 25 casos de incitação ao ódio, sete casos de abuso, seis delitos de propaganda e cinco casos de dano patrimonial. Além disso, registraram-se três casos de roubo e um de extorsão.
Segundo os números do ministério, 35 dos delitos teriam tido motivação política de alinhamento à direita. Um caso foi motivado por “ideologia estrangeira” e mais quatro casos foram motivados por “ideologia religiosa”. Os 90 casos restantes não puderam ser atribuídos a nenhuma intenção.
Em Berlim, o deputado verde Volker Beck, que solicitou a divulgação dos dados, afirmou que o aumento dos crimes de LGBTfobia na Alemanha é uma “prova de incapacidade do trabalho de prevenção do governo”.
Em referência à legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo na Alemanha, em junho, Beck disse: “Agora, temos os mesmos direitos, mas a possibilidade de desenvolvimento igualitário exige que sejamos livres do temor de violência e discriminação.”
O ministro alemão da Justiça, Heiko Maas, disse ser “vergonhoso que o número de crimes de homofobia tenha crescido na Alemanha”. O político social-democrata exortou a sociedade alemã a combater a LGBTfobia unida. “A homofobia não pode ter nenhuma chance na nossa sociedade”, afirmou.