Irmãs confundidas com casal de lésbicas são vítimas de preconceito em clube

Gay1 MG, com informações do EM
Foto: Arquivo PessoalDébora Sena segura boletim de ocorrência feito no dia do caso.

“Ele falou ‘desagarra, desagarra’, e eu não havia percebido que era com a gente”, disse uma estudante de administração, de 24 anos, que denunciou um caso de lesbofobia ocorrido em um clube de Sete Lagoas, Região Central de Minas Gerais. Débora Sena contou que foi surpreendida por um funcionário enquanto abraçava sua irmã, Tâmara Sena, de 21, na beira da piscina.

Ao ser advertida pelo homem, Débora, que visitava o clube apenas pela segunda vez, contou que ele possivelmente não a conhecia, já que seu marido era o sócio. “Falei que éramos irmãs e ele duvidou, dizendo que aquele era um ‘clube de família’, e que não era permitido abraçar, nem beijar, naquele local”, explicou. Ainda sem entender, a jovem precisou chamar o marido para “provar” que não era lésbica.

“Fui até a diretoria e o funcionário veio dizendo que outro cotista havia pedido para chamar nossa atenção e que aquela era uma norma do clube”, disse. Após o desentendimento, a jovem chamou a Polícia Militar para registrar o boletim de ocorrência. No documento, Débora disse que não sabia que ele era funcionário, já que não usava uniforme. Porém, após apuração, o homem, identificado por M. R. S., já havia encerrado o expediente quando abordou as irmãs. Segundo o registro, o autor achou que elas eram namoradas e que não se pareciam.

Ainda no local, segundo Débora, o presidente do estabelecimento entrou em contato por telefone. Na ligação, o representante reafirmou a “norma do clube”. “Ele disse que abraçar não era permitido no local e para eu não render assunto, pois corria o risco de ser expulsa”, disse a jovem, que, junto ao marido, quis cancelar a cota e processar o estabelecimento.

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O marido de Débora, Deivid Corcino, de 30, contou que também foi repreendido pelo presidente. “Ele me ligou na segunda-feira, dizendo que eu era moleque e que devia agir como homem”, informou o engenheiro, que ainda aguarda os comprovantes do cancelamento do serviço.

LGBTfobia

Débora disse que ficou “extremamente nervosa” com a situação. “Perguntei: e se a gente fosse namorada, qual seria o problema? Não estava fazendo nada de errado. Da mesma forma que abraçaria meu marido, abracei minha irmã”, contestou a estudante. Ela ainda completou que o homem “foi bem preconceituoso e deixou a entender que LGBTs não eram bem-vindos”.

A ocorrência, que aconteceu no fim de outubro, foi encerrada na delegacia de plantão da Polícia Civil de Sete Lagoas. Tentamos entrar em contato diversas vezes com o clube pelo telefone, mas, nenhuma ligação foi atendida. A reportagem também entrou em contato por e-mail e aguarda um posicionamento do estabelecimento que informou que responderá até o fim da semana. As informações foram confirmados pelo BO.

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