O governo brasileiro lançou, nesta quinta-feira, uma cartilha com orientações aos cerca de 60 mil brasileiros que compraram ingressos para assistir aos jogos do Mundial. Entre as recomendações estão: evitar manifestações intensas de afeto em público, especialmente a comunidade LGBTQI, não usar bandeiras estrangeiras em praças e edifícios públicos, não falar publicamente sobre temas políticos, ideológicos, sociais e de orientação sexual, e não ingerir bebidas alcoólicas nas ruas (que é punível com multas). Instrumentos musicais também estão proibidos, o que significa que, novamente, as vuvuzelas não serão permitidas nos estádios, assim como na Copa no Brasil.
A cartilha frisa que não são comuns na Rússia manifestações calorosas de afeto em público. Em particular, recomenda-se à comunidade LGBTQI evitar “demonstrações homoafetivas em ambientes públicos”, que podem ser consideradas “propaganda de relações sexuais não tradicionais feita a menores” e enquadradas em lei, de junho de 2016, que prevê multa e deportação.
“É preciso entender o contexto e o que quer dizer exatamente ‘manifestação intensa de afeto’, porque pode se referir a atentado violento ao pudor. Se segurar a mão for considerado ilegal, aí eu acharia um exagero. De qualquer forma, discordo da discriminação ao público LGBTQI, a lei tem que ser igual para todos”, diz Calheiros, que teve dificuldade para conseguir comprar os ingressos para a Copa.
Na Copa de 2014, o aplicativo de encontros para gays e bissexuais masculinos Gindr, computou um aumento de atividade de 31% durante o evento esportivo. Mas, para a Rússia, o governo brasileiro preferiu emitir um alerta na cartilha: “Recomenda-se cautela ao marcar encontros com desconhecidos”, diz o comunicado.