O que Uber, Doritos, Skol e Burger King tem a dizer sobre a eminência do fascismo no Brasil?
Nunca os direitos civis da comunidade LGBT estiveram tão ameaçados e atacados. O que as grandes empresas que supostamente nos apoiam estão fazendo para impedir uma tragédia que pode ser eminente contra nós?
Na última parada do Orgulho LGBT de São Paulo, considerada a maior parada de celebração da diversidade sexual do mundo, algumas das maiores marcas do país apoiaram o evento colocando trios elétricos, distribuindo brindes e contratando artistas. Tais empresas não se furtaram do nobre papel de defender a liberdade e os direitos civis básicos dos milhões de homens e mulheres lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais brasileiros.
No entanto, como uma espécie de vingança contra os recentes avanços que a comunidade LGBT tem obtido no Brasil, uma parcela da população encontrou no candidato que representa os ideais fascistas uma esperança de frear e se possível caçar os nossos direitos ainda em processo de consolidação. Não podemos nunca esquecer que, nos últimos 28 anos, o candidato fascista e sua família parasitaram o Estado pregando abertamente ódio e violência contra os homossexuais. Em um eventual governo fascista os homossexuais tendem a serem cada vez mais perseguidos e usados como alvos de calúnias e difamações com o objetivo de legitimar a violência cotidiana contra nós, que já piorou após o inicio desse pleito.
Diante desse quadro aterrador que se vislumbra no horizonte, o silencio dessas grandes marcar diz muito sobre o modo como estávamos sendo vistos por elas? Se até alguns meses atrás a Skol (considerada por alguns especialistas como uma das marcas mais valiosas do país) mudava sua logo para incorporar as cores da bandeira do arco-íris, por que agora ela se cala diante da possibilidade de casacão dos nossos direitos? Se a Doritos pode espalhar banners e outdoors usando diversas figuras públicas LGBT para divulgar seus salgadinhos, por que não pode fazer o mesmo para avisar a mesma comunidade que ela corre perigo com um governo fascista que ensina que vizinhos homossexuais desvalorizam imóveis?
Por que a Uber não se posiciona claramente sobre os perigos do discurso homofóbico e não conscientizou por nenhum segundo seus motoristas de que gays não são apenas uma carga sem direitos ou sentimentos que eles transportam de um lado para o outro? O que a maior empresa de transporte privado do país, que revolucionou o mercado de locomoção do mundo, tem a dizer sobre um candidato que associa um dos seus maiores públicos (gays) com toda sorte de crimes e desvios?
É muito importante o apoio das grandes empresas no combate a homofobia. Mas para além das festas e da visibilidade imensa que a parada do orgulho traz. Onde estão essas empresas AGORA que nós realmente precisamos delas? Agora que nossas vidas estão em risco onde elas estão, ou a Burger King vai nos ajudar colocando coroas de papel sobre nossos cadáveres?
Essas empresas trocaram a nossa cidadania e nossa sobrevivência pelo aumento do valor de suas ações na bolsa?
Vamos todos deixar essa tragédia acontecer no país?