Entre nós, o índice de votos nulo ou branco é de 7% (é de 9% entre heterossexuais) e 6% dizem não saber em quem votar —número que é de 5% entre héteros.
Essa é a primeira vez que o Datafolha pergunta a orientação sexual ou identidade de gênero dos entrevistados em uma pesquisa de intenção de voto para presidente.
Dos entrevistados, 86% se declararam heterossexuais, 3%, homossexuais, 2%, bissexuais, 2%, de outras orientações sexuais ou identidade de gêneros e 6% dos que responderam à pesquisa não quiseram responder a essa pergunta.
Daqueles que se declararam LGBT, 89% dizem estar totalmente decididos de seu voto e 11% ainda podem mudar.
A rejeição de Bolsonaro, que entre heterossexuais é de 42%, vai a 62% entre nós. Já a de Haddad, que é de 55% entre os heteros, baixa a 31% entre eleitores LGBT.
Em seus mandatos como deputado federal, Bolsonaro se opôs a projetos contra a homofobia e de inclusão, além de ter atacado a comunidade LGBT em entrevistas. Um dos exemplos é o do projeto Escola sem Homofobia, que o deputado apelidou de Kit Gay e propaga mentiras para colocar a população contra os avanços dos direitos LGBT.
O candidato petista foi o mais votado no primeiro turno no grupo. Dos entrevistados LGBT, 36% dizem ter votado em Haddad no pleito do dia 7, 21% declaram ter votado no capitão reformado, 19%, em Ciro Gomes, 6%, em Geraldo Alckmin, e 7% votaram branco ou nulo.
A diferença de intenção de voto entre pessoas LGBT se torna mais ampla porque Bolsonaro colecionou em sua trajetória política declarações homofóbicas. Em 2011, ele disse em entrevista que seria incapaz de amar um filho homossexual. “Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo”.
Durante os governos petistas, o então deputado federal se opôs a diversos projetos de inclusão e combate ao preconceito. Apelidou de ‘Kit Gay’ o programa de combate à homofobia em escolas públicas que seria lançado pelo governo de Dilma Rouseff e passou a utilizar esse apelido na campanha eleitoral de 2018 para atacar seu adversário Fernando Haddad.
Em 2015, protestou contra a realização da Parada LGBT no plenário. “Uma pergunta: o que uma criança, talvez de 7 ou 8 anos, faz numa parada gay?”, questionou. “Ao me perguntarem se eu participaria de uma parada gay, eu respondi que não participaria de parada gay para não promover maus costumes e por acreditar em Deus e na família”, afirmou, no mesmo ano.
A pesquisa do Datafolha, contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, entrevistou 9.173 pessoas nos dias 24 e 25 de outubro de 2018, em 341 municípios. A margem de erro no recorte de orientação sexual é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.