Segundo seu advogado, Suenilson Sá, imagens das câmeras de segurança do estabelecimento podem comprovar que a ministra segurou seu cliente pelo pescoço, enquanto lhe dirigia a palavra em tom de ameaça, causando-lhe constrangimento.
De acordo com o relato do vendedor, a assessora que acompanhava a ministra no shopping teria dado um tapa na sua mão, enquanto Amorim pegava o celular para começar a gravar. O advogado disse que o vídeo que viralizou não mostra tudo o que aconteceu dentro da loja.
“Na filmagem só aparece uma parte do que aconteceu, não mostra a evolução dos fatos. Antes ele disse que a loja estava toda em promoção, ela chegou a experimentar uma roupa e foi no final que ele fez a pergunta sobre a cor. Ele começou a gravar porque se sentiu ameaçado. Não teria tido a atitude de filmar se ela não tivesse feito nada. O gesto de segurar em seu pescoço configura ameaça. Ainda que só tenha conseguido gravar uma parte, que não dá sustenção do principal, o caso tem como ser comprovado pelas imagens das câmeras do circuito interno da loja.”, afirmou o advogado.
Sá também registrou ocorrência na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos. Segundo ele, essa medida foi necessária em decorrência de uma série de ameaças que o vendedor vem recebendo por meio das redes sociais, muitas delas contendo injúrias raciais.
A expectativa de Thiego é que sejam abertas investigações referentes às duas denúncias.
“Ele não está podendo voltar pra casa diante do que está acontecendo. Não esperava por esse tipo de atitude das pessoas”, frisou o advogado.
O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos foi procurado pelo Gay1 desde o início da tarde, mas não respondeu ao pedido de posicionamento sobre o caso.Discussão na loja
O vendedor Thiego Amorim, de 34 anos, questionou por que Damares estava vestindo uma camisa azul, e a ministra respondeu que estava sendo constrangida. Ele afirmou ao Jornal O Globo, na última sexta-feira, que a ministra teria dito em seguida que vai “acabar com a ideologia de gênero nas escolas brasileiras”.
“Eu falei ‘vem cá, que história é essa de menino ter que usar azul e menina ter que usar rosa?’. Aí ela se aproxima de mim, põe a mão em cima do meu pescoço, sabe? Como se fosse um ato de ‘escuta aqui’. E disse ‘eu vou acabar com a ideologia de gênero nas escolas brasileiras'”, relatou.
Thiego retrucou, dizendo que sua mãe é professora e não aplicou a “ideologia de gênero”.
“Aí eu falei que isso não existe. Ela falou: ‘eu sou professora, isso existe’. Eu falei: ‘amor, minha mãe é professora e leciona há 20 anos e nunca levou isso para a escola’. Eu perguntei a ela: ‘por que você está de azul, então?’. Foi a hora que ela saiu e falou: ‘você está me constrangendo’, explicou.