Política

Um ano após morte, deputados fazem ato na Câmara em homenagem à Marielle

Após um ano do assassinato, executores foram presos e mandantes ainda são desconhecidos. Durante o ato, deputado do PSOL e da esquerda fizeram discursos na tribuna do plenário.

Ato em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. (Foto: Mídia Ninja)
Ato em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. (Foto: Mídia Ninja)
Um ano depois do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do seu motorista, Anderson Gomes, o PSOL realizou nesta quinta-feira (14) um ato na Câmara dos Deputados em sua homenagem.

Há exatos 365 dias, Marielle e Anderson foram assassinados a tiros no Rio. Na última terça (12), a polícia prendeu os dois suspeitos de terem os executado: o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio de Queiroz. Uma segunda fase da investigação ainda continuará, com a intenção de esclarecer o mandante do crime.

Na sessão solene, deputados do PSOL e de outros partidos de esquerda vestiram camisas com a frase: “Quem mandou matar Marielle?”. Uma faixa contendo a mesma pergunta foi exposta no Salão Verde da Câmara dos Deputados.

O líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP), disse que os mandantes do crime estão “escondidos”. A líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), questionou a demora das investigações e a motivação política das execuções.

“Quem mandou matar, quem executou não imaginava que um ano depois essa luta estivesse mais forte o que logo depois do assassinato. Está mais forte, mais viva, mais espalhada no Brasil e no mundo. Essa luta não morreu e não vai morrer porque isso vai precisar ser esclarecido. Por que tão tarde? Por que tanto tempo depois para localizar dois executores, o motorista e quem pegou na arma?”, perguntou Jandira.

Ato em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. (Foto: Mídia Ninja)
Ato em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. (Foto: Mídia Ninja)

O líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), classificou o assassinato como “crime bárbaro e brutal”. “A Marielle é muito maior do que poderiam imaginar. A Marielle se tornou semente”, disse Molon.

“Quais são as relações dos executores de Marielle, quem são aqueles que estão por trás e pensaram a execução na nossa companheira? Tentaram transformar Marielle em medo, mas não conseguiram e não conseguirão”, afirmou o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).

O PSOL está recolhendo assinaturas com o objetivo de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a conduta das milícias. A investigação dos assassinatos de Marielle e Anderson ainda tenta esclarecer o envolvimento de milícias, o mandante e a motivação do crime.

Ato em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. (Foto: Mídia Ninja)
Ato em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. (Foto: Mídia Ninja)

De acordo com o regimento interno da Câmara, a criação da CPI depende de apresentação de um requerimento com a assinatura de 171 deputados (um terço do total de 513).

Milícia é uma espécie de organização criminosa formada por policiais, agentes penitenciários e militares. A atuação desses grupos ocorre em favelas. Milicianos podem ser moradores das comunidades e, em alguns casos, contar com apoio político.

A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) avaliou que a democracia brasileira é “incompleta” e não chega à favela, à periferia e que o país tem recorde de assassinatos de defensores dos direitos humanos, como Marielle Franco. Ela disse ainda que o estado brasileiro é “seletivo” e “racista”.

“A milícia domina território, dá cinco tiros na cabeça de jovem no Rio de Janeiro, mata, domina e tem poder econômico, político e armado. Estado brasileiro precisa devolver para o povo brasileiro a possibilidade de lutar por um aperfeiçoamento da democracia. A gente exige que o estado brasileiro faça justiça. Justiça, não vingança. Justiça por Marielle e Anderson. E isso significa responder quem mandou matar Marielle”, disse Talíria em seu discurso.

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