Rio de Janeiro

Caso Marielle Franco: Ronnie Lessa pede ao STF a suspensão do júri popular

Em março, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou recurso da defesa de Lessa, que está detido preventivamente no presídio federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.

Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. (Foto: Marcelo Theobald/Agência O Globo)
Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. (Foto: Marcelo Theobald/Agência O Globo)

A defesa do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado pela morte da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) a suspensão do julgamento por júri popular. O julgamento ainda não tem data marcada para ocorrer. O júri popular é composto por cidadãos comuns.

Em março, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou recurso da defesa de Lessa, que está detido preventivamente no presídio federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Para o STJ, a sentença de pronúncia — mantida pelo TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) — apresentou razões concretas tanto para negar um pedido de absolvição sumária quanto para submeter Ronnie Lessa ao tribunal do júri.

Segundo a defesa, após as decisões do TJ-RJ e STJ, “não restou alternativa que não aviar o presente pedido de habeas corpus nesta Suprema Corte Federal”. A relatoria do caso na Corte ficou com a ministra Rosa Weber.

A defesa alega que “os jurados são juízes leigos, os quais decidem sem necessidade de fundamentação. Via de regra, eles não têm qualquer conhecimento para conseguir discernir uma impropriedade técnico-jurídico”.

Os defensores de Ronnie Lessa afirmam que não desejam impedir o andamento do processo, mas solicitam a suspensão enquanto a decisão do TJ-RJ não é analisada pelo STF.

Defesa questiona qualificadoras

Em março de 2020, a Justiça do Rio decidiu que Ronnie Lessa, apontado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio) como executor dos assassinatos, iria a júri popular.

A decisão do juiz Gustavo Gomes Kalil acusou Ronnie Lessa por duplo homicídio. Em relação a Marielle, o crime foi enquadrado como triplamente qualificado (com as qualificadoras de motivo torpe, uso de emboscada e de recurso que dificultou a defesa), enquanto a morte de Anderson foi tipificada como um homicídio duplamente qualificado (com uso de emboscada e recurso que dificultou a defesa).

Ele ainda responde pela tentativa de homicídio contra Fernanda Gonçalves Chaves, assessora de Marielle, que também estava no carro e sobreviveu ao ataque. O crime aconteceu em março de 2018 e ainda não foram esclarecidas a motivação ou o mandante.

Ao STF, a defesa aponta que a “falta de fundamentação quanto as qualificadoras torna a decisão do juízo de origem nula. Não pode o juízo se esquivar de analisar minimamente os pontos levantados pela Defesa em alegações finais”.

Para a defesa de Lessa, com relação a Marielle, não seria possível afirmar que o motivo da morte da vereadora foi em razão da posição política dela. No caso das qualificadoras de uso de emboscada e de recurso que dificultou a defesa da vereadora, os advogados de Ronnie Lessa alegam que “não há como o agente responder por duas qualificadoras quando uma delas deriva justamente da outra”.

Já para os crimes envolvendo Anderson e Fernanda, a defesa alega que não é possível falar em “queima de arquivo” e pediu o afastamento de qualificadora que ligou o caso de ambos ao de Marielle.

“É óbvio que a morte de Anderson Gomes foi absolutamente acidental”, escreveu a defesa de Ronnie, que também pediu a retirada da qualificadora de emboscada para o crime contra o motorista e a assessora de Marielle.

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