Polícia prende “Bonde dos Galãs” que usava aplicativos para extorquir e roubar gays

Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, grupo atraía vítimas por apps como o Grindr, marcava encontros em locais isolados e usava violência para cometer os crimes.

“Bonde dos Galãs”: Yago Daniel Pereira Alves, Yago Daniel Pereira Alves, Wellington Santos, Tiago Felipe Araujo da Rocha Silva, Mathaus Lopes Santana Sérgio, Jenyfer Ingrid de Almeida Araújo, Lucas Emerson de Matos Feitosa, Levy Heberth da Silva, Isaias Carvalho Correa de Araújo e Maria Victoria Kelly da Silva Costa. (Foto: Imagem divulgada pela PCDF)
“Bonde dos Galãs”: Yago Daniel Pereira Alves, Yago Daniel Pereira Alves, Wellington Santos, Tiago Felipe Araujo da Rocha Silva, Mathaus Lopes Santana Sérgio, Jenyfer Ingrid de Almeida Araújo, Lucas Emerson de Matos Feitosa, Levy Heberth da Silva, Isaias Carvalho Correa de Araújo e Maria Victoria Kelly da Silva Costa. (Foto: Imagem divulgada pela PCDF)

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, nas primeiras horas desta terça-feira, uma operação para desarticular uma associação criminosa que utilizava aplicativos de relacionamento, como o Grindr, para atrair, roubar e extorquir homens — em especial gays. O grupo, autointitulado “Bonde dos galãs”, usava perfis falsos em plataformas para aplicar os golpes.

Coordenada pela 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia), a ação cumpre 20 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão temporária, revelando um esquema criminoso que atuava de forma planejada e com divisão clara de tarefas entre os integrantes.

Modus operandi: sedução, emboscada e violência

As investigações apontaram que o grupo atraía vítimas de diversas regiões do DF e do Entorno — incluindo Lago Sul, Cruzeiro, Guará, Águas Claras, Taguatinga, Ceilândia, Recanto das Emas e Santa Maria — por meio de perfis falsos em aplicativos de paquera.

Após o primeiro contato, os criminosos marcavam encontros em áreas isoladas e mal iluminadas, especialmente nas quadras 423 e 425 de Samambaia. No local combinado, as vítimas eram abordadas por dois ou três criminosos armados. Mediante violência física — com socos e coronhadas — e intimidação psicológica, os homens eram levados para locais afastados, onde eram obrigados a entregar celulares, pertences e a realizar transferências bancárias.

Em casos em que as vítimas possuíam saldos bancários mais altos, os criminosos as mantinham sob cárcere durante toda a madrugada para contornar os limites de transações noturnas e esvaziar completamente as contas nas primeiras horas do dia seguinte.

Crimes em série e ameaça às vítimas

Além dos roubos e extorsões, a PCDF identificou que veículos tomados das vítimas foram usados em outros crimes antes de serem abandonados. As vítimas também relataram terem sido ameaçadas para não denunciar os crimes, o que pode ter contribuído para a subnotificação dos casos.

Entre novembro de 2024 e junho de 2025, ao menos 36 ocorrências foram oficialmente registradas. Contudo, a Polícia acredita que o número real de vítimas seja superior, devido ao medo, constrangimento e estigmas sociaisenfrentados por muitos dos alvos.

Organização criminosa estruturada

A investigação revelou que o grupo era bem organizado: alguns membros eram responsáveis pela atração das vítimas, enquanto outros atuavam na execução dos assaltos e uma terceira parcela cuidava do recebimento de dinheiro e objetos roubados.

Os suspeitos detidos responderão por organização criminosa, extorsão qualificada e roubo agravado — crimes cujas penas podem ultrapassar 20 anos de prisão, especialmente por envolverem uso de arma de fogo e restrição de liberdade das vítimas.

A PCDF segue com diligências em andamento para identificar outras vítimas e eventuais cúmplices. A Polícia orienta que qualquer pessoa que tenha sido alvo de crime semelhante procure a delegacia mais próxima ou denuncie de forma anônima.

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