Rio de Janeiro

Transfobia aumenta no Rio de Janeiro e chega a quase um caso por dia

Levantamento do jornal O Globo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mostra que número de agressões em 2022 já se aproxima do total do ano passado, quando estado bateu recorde.

Transexual, moradora de Duque de Caxias, exibe cicatrizes da transfobia. (Foto: Alexandre Cassiano)
Transexual, moradora de Duque de Caxias, exibe cicatrizes da transfobia. (Foto: Alexandre Cassiano)

Mês do orgulho LGBTQIA+, junho encontra um Rio marcado pelo avanço da transfobia. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, apontam que o número de mulheres trans que buscaram atendimento em unidades hospitalares por terem sofrido algum tipo de agressão explodiu nos últimos dois anos.

Matéria do Jornal O Globo, mostra que só em 2022, o estado já contabilizou 146 casos suspeitos ou confirmados, quase um por dia. O número se aproxima do total do ano passado, que bateu o recorde da série histórica, iniciada em 2015: 159 registros.

A capital somou, entre janeiro e maio de 2022, mais que o dobro do número de casos de 2021 inteiro. Já são 73 notificações este ano, contra 29 no ano passado.

“Em 2021, as pessoas ficaram mais em casa e se expuseram menos a situações de risco, o que ajuda a explicar o aumento. Mas, para além disso, estamos numa época de polarização muito grande, em que tudo é ideologizado. Se uma pessoa não vive de acordo com o dogma do outro, vira inimigo” afirma Carlos Tufvesson, coordenador especial da diversidade sexual do município, em entrevista a reportagem do O Globo.

O jornal mostra que os números são vestígios de uma realidade ainda subnotificada. Entre outros fatores, o medo de retaliação do agressor e da revitimização pelo Estado — que ocorre quando a vítima, ao procurar a ajuda do poder público, sofre uma nova agressão — afasta as mulheres da denúncia formal.

O total de mulheres trans e travestis que precisaram do apoio jurídico do Rio Sem LGBTfobia nos primeiros cinco meses de 2022 é mais que o dobro do total registrado no mesmo período do ano passado: foram 889 casos este ano, contra 391 em 2021.

Os atendimentos jurídicos também englobam outras demandas, como retificação de nome. Mas a maioria dos chamados, de acordo com o coordenador do programa, Ernane Alexandre, decorre da violência — sobretudo na Baixada Fluminense, que concentra os casos mais graves de agressão.

Os dados obtidos pelo o jornal O Globo, apontam que 93% dos casos envolvem agressão física, sendo 80% com indícios de espancamento. Quase 70% dos agressores são do sexo masculino, e 47% dos casos são de violência reincidente. É grande a frequência de cônjuges (23%), desconhecidos (17%) e amigos ou conhecidos (15%) entre agressores. Além disso, mais da metade das vítimas é preta ou parda (53%).

Dados da violência contra mulheres trans. (Foto: Reprodução/O Globo)
Dados da violência contra mulheres trans. (Foto: Reprodução/O Globo)

Para denunciar a violência, mulheres trans têm à disposição, além do número 180, o Disque 100 (Direitos Humanos). No Rio, há também o Disque Cidadania e Direitos Humanos (0800 0234567), que funciona 24 horas por dia.

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